Se você trabalha em museu e se o seu acervo possui inconsistências quanto à sua documentação (ou até a falta dela), certamente você já ouviu falar em Tabela de Levantamento de Acervos Museológicos, certo? Sabia que ela é uma das primeiras atividades técnicas dentre as ações documentais de um acervo?
Uma das atividades mais importantes dentro de um museu é o controle do acervo museológico, ou seja, o controle de toda a sua informação. A Documentação Museológica é um conjunto de procedimentos técnicos imprescindíveis à gestão do museu e possui normas adotadas internacionalmente, sendo uma área de atuação para o museólogo, profissional apto a essa demanda. É a partir das informações registradas em sua Documentação Museológica que os museus desenvolvem e promovem pesquisas, exposições, ações educativas, publicações periódicas, entre outros. Com base nesse conteúdo registrado, o museu fortalece a sua importância social, política, histórica e cultural. Possibilitando a aproximação e apropriação dos usuários ao acervo. Dessa forma, a Documentação Museológica torna-se uma atividade diária e legitimada nestas instituições.
Diagnóstico e Levantamento de Acervos Museológicos
O Diagnóstico e Levantamento de Acervo é um importante instrumento de planejamento, que tem como objetivo analisar e organizar as informações relativas aos acervos museológicos, identificando as necessidades do museu em relação às suas coleções. Trata-se da primeira ação a ser realizada pelo museu em sua Documentação Museológica, pois, o Diagnóstico de Acervo revelará as informações preliminares dos objetos, tendo como resultado a capacidade para se promover o entendimento do sistema documental vigente ou que será adotado pelo museu.
Grande parte das instituições museológicas não possui um bom sistema de documentação museológica e o Levantamento de Acervo passa a ser a primeira convenção para a decodificação do acervo museológico.
O Levantamento de Acervo é um procedimento complexo e requer conhecimento e discernimento técnico. Deve ser realizado com equipe capacitada, sob consultoria e coordenação de museólogo, conforme estabelecido pela Lei 2.282, de 18 de janeiro de 1984, que dispõe sobre a regulamentação de museólogo.
O Levantamento de Acervo é resultado de três etapas, a saber:
- Elaboração da etiqueta para marcação provisória
- Sistema de numeração das peças
- Diagnóstico de Acervo
Nesse sentido, pode-se perceber que as primeiras ações da Documentação Museológica resultam em atividades técnicas que poderão nos revelar as informações concretas sobre a tipologia e quantidade de acervos museológicos, bem como suas principais características e o estado de conservação das peças.
Tabela de Levantamento de Acervos Museológicos
A Tabela de Levantamento de Acervos Museológicos evidencia que a ausência de uma documentação museológica pode prejudicar e até mesmo fragilizar os trabalhos junto ao acervo de uma instituição, à medida que se desconheça o número total de objetos.
Somente a partir da inserção da todos os objetos numa planilha é que a instituição tomará ciência sobre o número real de objetos por ela salvaguardados, além de informações preliminares sobre o seu estado de conservação e sobre a classificação dos acervos segundo suas tipologias.
Entre os itens que uma Tabela de Levantamento do Acervo deve conter, destacamos:
- Número de Ordem: Trata-se do número para o controle quantitativo de objetos que estão sendo levantados e registrados. O número sempre é sequencial, o que nos permite sempre acessar quantos objetos já receberam algum tratamento documental.
- Número do Objeto: Esse item deve ser resultado de uma reflexão maior, pois será um esboço do número que o objeto museológico receberá em toda a sua ação documental. O número de objeto deve seguir o Sistema de Numeração utilizado pelo museu e deve assegurar a aplicação de um só número para cada objeto, não podendo haver repetição ou duplicidade. Esse será o número que será registrado na etiqueta para marcação provisória e que posteriormente será marcado na peça.
- Nome Atribuído: Nesse primeiro instante, o importante é adotar nomes padronizados, para já se delimitar um glossário padrão para o acervo museológico. Posteriormente, para as etapas de elaboração de fichas de identificação e de registro de objetos e inserção das informação no sistema informatizado, o nome atribuído passará a ser “nome do objeto”, validado pelas pesquisas e evidências comprobatórias.
- Estado de Conservação: Esse campo dará a primeira impressão do estado em que se encontram os objetos do museu. O museu deve padronizar a sua própria escala de conservação, indicando os parâmetros a serem indicados, tais como, bom, regular, ruim, entre outros. Essa informação já nos revelará futuras ações de conservação e até de restauração ou descarte.
- Material: Deve-se descrever os principais materiais que compõem o objeto, registrando do que mais predomina para o menor. Esse campo nos revela de forma rápida, ao observar com o campo anterior, quais serão as necessidades para a sua higienização e conservação, acondicionamento na Reserva Técnica e outras atividades especiais e de segurança.
- Observações: Esse campo permite, quando necessário ou pertinente, que se registrem informações intrínsecas e extrínsecas levantadas durante o processo de levantamento de acervo. Tais informações serão norteadoras para futuras pesquisas, quando ocorrerem as etapas futuras da Documentação Museológica.
A Tabela de Levantamento de Acervos evidencia que a ausência de uma documentação museológica pode prejudicar e até mesmo fragilizar os trabalhos junto ao acervo de uma instituição, à medida que se desconheça o número total de objetos.
Somente a partir da inserção da todos os objetos numa planilha é que a instituição tomará ciência sobre o número real de objetos por ela salvaguardados, além de informações preliminares sobre o seu estado de conservação e sobre a classificação dos acervos segundo suas tipologias.
A Tabela de Levantamento de Acervos Museológicos resultará no primeiro cenário identificável da situação em que se encontra o acervo salvaguardado pelo museu. Nesse sentido, essa ação desencadeará as informações para o Diagnóstico de Acervos Museológicos, apresentando todos os itens que o museu possui e suas coleções, além de identificar as particularidades do acervo.
Essas etapas podem ser comparadas como uma espinha dorsal, importantes para a elaboração e o desenvolvimento da Política de Acervos, tendo em vista que com a realização delas, tem-se maior domínio de informação e clareza nas tomadas de decisões junto ao acervo museológico.