O que um museu deve ter para ser considerado bom? Isso depende de muitos fatores, levando em conta a sua tipologia bem como a sua dotação orçamentária. O Estatuto de Museus, tem orientado as instituições museológicas em relação às normas para uma boa gestão museológica.
A Tríscele é uma empresa de referência que tem atuado em Assessorias Museológicas para diversas instituições, apontando os meios e os caminhos para o correto direcionamento da missão, visão e finalidade a que o museu se propõe, por meio de planejamento e foco nas ações a serem desencadeadas, levando a um uso eficaz dos recursos que o museu dispõe.
Nossa equipe de profissionais, apta para atender as necessidades que perpassam todos os museus, desenvolveu uma lista com 7 itens que um bom museu precisa ter. Espero que ela sirva de inspiração para o seu museu!
1. PLANO MUSEOLÓGICO
O Plano Museológico é uma ferramenta imprescindível para o desenvolvimento de todos os trabalhos desenvolvidos pelo museu, estabelecendo a sua visão, a sua direção e os seus caminhos.
O Plano Museológico é o documento que fortalece e reafirma a importância do museu em todos os aspectos, tanto em sua imagem externa como nas metas e estratégias a serem conhecidas e compartilhadas. Alçado em um conjunto de Programas e Projetos, consonantes às diretrizes e leis museológicas vigentes, é dever de todo museu elaborar e implementá-lo.
Para saber mais:
ELABORANDO UM PLANO MUSEOLÓGICO
PLANO MUSEOLÓGICO: MUSEU IRMÃO LUIZ GODOFREDO GARTNER
2. PROJETO MUSEOGRÁFICO
Todo museu precisa ter bem detalhado os seus espaços. Para isso, faz-se necessário que a instituição pense a finalidade de cada um deles. O Projeto Museográfico pensa a arquitetura do museu, cuja finalidade é a de estabelecer uma experiência cognitiva entre o sujeito e o bem cultural salvaguardado por ele. Para isto, recorre-se às técnicas da apresentação de objetos e de conceitos, utilizando elementos sinestésicos que somados a arquitetura do museu buscam enriquecer a forma de apresentação de temas e a exibição dos seus objetos.
O Projeto Museográfico delimita, ainda os espaços expositivos, as reservas técnicas, os espaços administrativos, entre outros, e que são imprescindíveis para o bom funcionamento de um museu.
3. CATALOGAÇÃO, HISTÓRICO E REGISTRO DO ACERVO
As informações que os museus apresentam sobre os seus acervos resultam de pesquisas históricas e documentais, além de buscas e evidências constantes de testemunhos que legitimam o objeto e a sua narrativa. O registro das informações relacionadas ao acervo museológico deve ser considerado como uma das atividades basilares do museu.
O primeiro passo para que o museu tenha o domínio das informações sobre o acervo museológico é a realização de um Diagnóstico e Levantamento de Acervo. O Levantamento de Acervo é um importante instrumento de planejamento, que tem como objetivo analisar e organizar as informações relativas aos acervos museológicos, identificando as necessidades do museu em relação às suas coleções. Trata-se, portanto, do primeiro passo a ser realizado na ação documental dos objetos salvaguardados pelo museu.
Outros pontos pertinentes que justificam o Levantamento de Acervos seriam:
- Ausência de documentação museológico
- Formação das coleções sem critérios
- Desconhecimento do número de objetos salvaguardados
- Ausência de uma política de aquisição
- Ausência de um sistema de controle do acervo
- Constituição de acervo permanente da instituição sem atender as normas técnicas
- Ausência de identificação ou informações imprecisas sobre o acervo
Para saber mais:
POTENCIALIDADES DA DOCUMENTAÇÃO MUSEOLÓGICA
COMO FAZER UM DIAGNÓSTICO E LEVANTAMENTO DE ACERVO
ESTABELECENDO UM SISTEMA DE NUMERAÇÃO PARA ACERVOS
PENSANDO O LIVRO DE REGISTRO DE INVENTÁRIO
4. RESERVA TÉCNICA
“[…]o museu deve ter o seu ‘arquivo’, a reserva técnica, onde deve preservar adequadamente, o acervo excedente, em instalações próprias, com o acesso mais restrito.” (BAUER, 2014)
Para Antônio Mirabile, as reservas técnicas correspondem a:
“Um local que nos parece particularmente importante para a preservação dos bens culturais é a reserva técnica, onde, com muita frequência, cerca de 95% do patrimônio do museu é conservado”.¹
Dominique Poulot esclarece sobre a reserva técnica que:
“Em um tempo em que a exigência da exposição se assimila a um direito democrático, a reserva de museu, que não deixa de ser requerida pela necessidade de estocagem – parece materializar em confisco intelectual(…) Além desse registro museográfico sob a forma de descoberta do tesouro -, aliás, fórmula utilizada abusivamente por alguns estabelecimentos -, a questão das obras não expostas é uma preocupação legítima.”²
Dessa forma cabe salientar que uma Reserva Técnica em museu, vai muito além de um depósito do que não está em exposição. Trata-se de um espaço onde são realizados procedimentos técnicos junto a estes acervos, preparando-os para a exposição e/ou mantendo-os íntegros, porque tão importante quanto expor, é preservar.
5. BOAS EXPOSIÇÕES
A exposição é o ápice do museu, o elo dele com os seus usuários. Vejamos um conceito de expografia: Expografia é o conjunto de técnicas para o desenvolvimento de uma exposição. A expografia é um espaço construído, físico e simbolicamente, constituído por três elementos básicos: o conteúdo, a ideia e a forma e que somados geram a percepção, a experiência estética. (BAUER, 2014)
Todos os museus têm uma sustentação ideológica expressada na seleção dos seus acervos, na sua estrutura institucional e na sua organização. Por outro lado, os visitantes dos museus devem ser pensados como seres ativos e interativos e que assumem uma atitude ativa perante a proposta do museu. Cada visitante interpreta a mensagem expositiva de maneira diferente, construindo sua própria visão em função das suas expectativas, interesses e competências prévias, ou seja: o visitante interpreta os conteúdos a partir da sua relação com o espaço.
A expografia em que se inserem os objetos deve dividir junto à narrativa por eles apresentada uma compreensão de um discurso fundamentado que, somado ao trabalho do(s) especialista(s) que desenvolve(m) o projeto museográfico, pode acrescentar a percepção das multiplicidades sociais, possibilitando leituras heterogêneas. O mesmo objeto pode adquirir um sentido e um valor muito diferentes conforme a sua situação no ambiente criado para a sua apresentação.
Para saber mais:
PROJETO DE EXPOSIÇÃO PARA MUSEUS
PROJETO EXPOGRÁFICO E MUSEOGRÁFICO
O QUE É “EXPOSIÇÃO INTERPRETATIVA”?
QR CODE: TECNOLOGIA APLICADA EM EXPOSIÇÕES MUSEOLÓGICAS
6. PLANO DE COMUNICAÇÃO
A comunicação não pode ser pensada sem a adoção do planejamento como ferramenta de gestão, pois, a decisão de se investir de forma errada pode provocar até mesmo o estrangulamento das atividades relacionadas à comunicação. Se o museu decide, por exemplo, investir na confecção de material de comunicação para um evento pontual, sem planejamento, pode estar perdendo recursos em uma ação que se encerra no fim do evento – e este pode durar apenas um dia ou uma semana –, em detrimento de outras ações que poderiam servir para divulgar eventos e atividades com maior regularidade, dentro de uma sistematização de canais de comunicação que divulguem periodicamente todas as atividades da instituição. Tal ponto deve considerar as limitações orçamentárias do próprio museu, obrigando-o a escolher com segurança onde investir de forma a obter maior visibilidade e retorno em suas estratégias de comunicação.³
Alguns pontos indispensáveis para um bom Plano de Comunicação para o museu são:
- Sistema de Identidade Visual: A adoção de um Sistema de Identidade Visual colabora nas ações da instituição, fortalecendo a sua gestão e é capaz de harmonizar a instituição com seus diversos públicos, tanto internos quanto externos, pela adoção de ações nas quais a comunicação flua em mão dupla, possibilitando a identificação das demandas de todos os públicos envolvidos e respondendo de forma ética e transparente a esses anseios.
- Kit de Imprensa: o museu precisa ter bem definida as informações que serão veiculadas. Elaborar um texto oficial de apresentação do museu passa a ser um ponto primordial, pois ele será o guia que definirá o museu perante o público, apresentando informações da própria instituição, tais como: constituição do museu e sua natureza administrativa e financeira; histórico das suas coleções, entre outros.
- Banco de Imagens do Museu: trata-se da padronização das imagens a serem veiculadas pelo museu, o que ajuda a reforçar a identidade do mesmo, além de assegurar na publicação dessas imagens os créditos institucionais. As imagens para um banco de imagens do museu serão priorizadas a partir das coleções salvaguardadas pelo próprio museu.
- Website: Um site de museu, como qualquer outro, deve entregar toda a informação que o visitante espera encontrar. Os textos, imagens e vídeos precisam estar organizados adequadamente e serem facilmente alcançáveis em todos os dispositivos. Isto é importante para manter uma baixa taxa de rejeição e um bom tempo de permanecia dos usuários no site.
- Folheteria impressa: o museu precisa ter uma boa papelaria, ou seja, elaborar um folder para a sua promoção e divulgação. O museu também deve pensar na uniformização dos seus impressos, estabelecendo um padrão, com o intuito de se buscar uma unidade na sua divulgação. A esse processo, denominamos de branding.
Para saber mais:
10 CARACTERÍSTICAS QUE UM BOM SITE DE MUSEU DEVE TER
DESIGN DE MATERIAL IMPRESSO – FOLHETERIA
DIAGRAMAÇÃO DE LIVROS, REVISTAS E CATÁLOGOS
7. PROJETOS DE FINANCIAMENTO E FOMENTO
Uma fórmula eficaz para garantir o desenvolvimento das ações pretendidas pelo museu é a elaboração de um excelente projeto.
Os Museus, em sua maioria, são instituições com baixa dotação orçamentária ou nenhuma, geralmente subordinadas às verbas, doações e associações de voluntariado e que não suprem todas as suas necessidades, quando em muitas vezes o orçamento apenas contempla os orçamentos para os recursos humanos.
O primeiro passo para captar os recursos de um Projeto Cultural é saber elaborar um bom projeto! Antes de tudo, ao se elaborar um projeto cultural é preciso identificar nele a justificativa da sua pertinência, demanda, oportunidade e da democratização cultural, pois esses são pontos importantes que serão observados pelos avaliadores e futuros patrocinadores.
Para saber mais:
PROJETOS DE FINANCIAMENTO E FOMENTO PARA MUSEUS
EBOOK: COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
COMO CAPTAR RECURSOS PARA UM PROJETO CULTURAL
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1 A reserva técnica também é museu, Antônio Mirabile, Boletim Eletrônico da ABRACOR, n. 1, junho/2010 2 POULOT, Dominique. Museu e Museologia. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2013. 3 Plano de Comunicação Institucional para Museus de Pequeno Porte. Programa de Modernização de Museus Paulistas. Sistema Estadual de Museus – SISEM/SP, 2012.
Bom dia, como sempre os artigos da Tríscele são ótimos. Tenho aprendido muito com essas edificantes publicações. Neste ano que se inicia pretendo buscar da ajuda de vocês.
Com gratidão e desejo que continuem com esse importante trabalho.
Olá Clauber, muito obrigado pelo elogia. A Tríscele tem o blog justamente como uma ferramente para aproximar os profissionais dos museu e poder compartilhar um pouco sobre as nossas experiências. Ficamos felizes que nossos textos também têm incentivado outras pessoas. Sobre parceiras, são sempre bem-vindas! Abraços!
Os textos estão excelentes! Repassarei logo para os meus colegas da VI REGIÃO MUSEOLÓGICA – são 19 municípios
Prezado Senhor Antunes, obrigado por acompanhar nossos textos e em compartilhá-los com os demais colegas da VI Região Museológica do seu estado. Quanto mais pessoas engajadas pela qualificação dos museus, melhor! Que nossos textos continuem inspirando esses 19 municípios! Abraço!
Parabéns a toda Equipe! Profissionais sérios e dedicados. Tenho acompanhado os textos de vocês e sempre são muito importantes para a gente.
Olá Virgínia, obrigado por seguir nossos textos. Nossa intenção com o blog é justamente a de compartilhar nossas experiências na área dos museus. Abraços!