A Museologia é um campo de conhecimento que vem se constituindo e se construindo por seus contextos socioculturais. Trata-se da ciência do “pensar-se o museu”, entendida como um ramo do conhecimento voltado para os objetivos e organização dos museus. (BAUER, 2014)
A Museologia, a partir das discussões mais recentes, pode ser entendida como uma ciência amalgamada por diversas outras ciências, o que daria a ela um status de ciência do campo expandido. O campo expandido permite a experimentação e a ideação, práticas naturalmente adotadas pelos pesquisadores e profissionais de museus.
Museologia e o Campo Expandido
O conceito de “campo expandido” foi apresentado pela primeira vez por Rosalind Krauss, em 1979, no artigo “Sculpture in the Expanded Field”. Nele, a autora tentava definir um novo tipo de práxis, difícil de ser enquadrado no termo “escultura”, que estava se tornando “infinitamente maleável”. Diferentemente da atitude modernista, pautada no desejo de ruptura e negação das escolas e movimentos anteriores para propor o novo, o “campo expandido” designaria outro tipo de estratégia. (QUILICI, 2014)
Para a Museologia, o campo expandido (ou campo ampliado) se daria, portanto, a partir dos momentos históricos mais recentes, não negando sua própria evolução epistemológica e etimológica, mas sim, aglutinando a ela os conceitos mais recentes da Nova Museologia. Ou seja, a museologia enquanto campo expandido trata-se de uma ciência amalgamada com outras ciências, tais como a História, a Sociologia, a Filosofia, a Antropologia, entre outras. A junção de distintas ciências permitiu à Museologia condições que proporcionaram sua mudança até como a conhecemos hoje, estruturando-a como um campo de conhecimento teórico e prático.
Em sentido metafórico, o campo expandido serve para ilustrar as potencialidades interdisciplinares da museologia e a sua capacidade de incorporar linguagens provenientes de outras ciências. Entendido desta forma, a museologia se constitui, para além de uma disciplina e de uma ciência com resultados, como um domínio de experimentação ou de ideação, transversal a muitas práticas profissionais.
O museu do futuro
O museu do futuro é o museu das experiências que estamos vivendo agora. O presente é o tempo-chave para os museus; um tempo de transformação do modo como essa instituição se percebe, se projeta e se relaciona com a sociedade. O presente é o tempo em que os museus têm como função social o poder de transformação, com a capacidade de impactar a vida das pessoas. O museu do futuro não apresenta seus acervos, mas sim, problematiza-os; o museu do futuro não tem visitantes, ele tem usuários.
O museu do futuro percebe que os usuários desejam contribuir, conectar-se com outros, expressar e compartilhar experiências, opiniões, ideias e criações. Ele é sensível aos usuários e as necessidades destes. Por isso, o museu do futuro, age como facilitador, explanando o conteúdo criado pelos usuários. Respeitando-os como participantes ativo em seu espaço. Qual é o resultado sobre isso? Acarreta no aumento de sentimento de empoderamento e afeto dos usuários para com o museu. Fazendo do museu do futuro uma instituição ainda mais forte e impactante no meio social.
Ecossistema Cultural
Um ecossistema cultural pode ser definido como uma nova categoria de instituição. Trata-se não apenas de um museu individual ou de um sistema de museus, mas sim, toda a paisagem cultural de uma região. Nessa acepção, as instituições se conectam numa rede de cooperação simultânea entre museus, escolas, bibliotecas, hospitais, zoológicos, praças e parques, entre outros. As organizações tecem a teia da coletividade e envolvem todos os sujeitos, denominados por usuários do sistema cultural.
No ecossistema cultural o museu não é uma instituição isolada, assim como nenhuma outra instituição também é. O museu está inserido nos mais diferentes contextos. Uma clínica médica, por exemplo, que planeje um espaço voltado para a salvaguarda e comunicação da sua memória institucional teria em sua organização um museu híbrido, nascido não na intencionalidade de ser um museu. Seria, portanto um museu que daria sentido ao local ao que estaria inserido e aos seus frequentadores, ou seja, seus usuários.
Assim, surgem os museus em escolas, os museus em igrejas, os museus em hospitais, os museus em parques, etc. Da mesma maneira como outras instituições também saem da sua idealização pragmática e passam a se inserir em diferentes contextos. Nesse sentido, o que tem importância são os agentes partícipes desse ecossistema, os que nele vivem e se identificam com o local.
Mais do que uma instituição, o museu dentro de um ecossistema cultural faz parte de um tecido híbrido cuja existência suscita múltiplas interpretações e apropriações. Em suma, a Museologia do século XXI está para o campo expandido, assim como o museu do futuro está para o ecossistema cultural.