O conceito de Museu 2.0 foi proposto pela diretora do Museu de Arte e História de Santa Cruz (Califórnia/EUA), Nina Simon, autora do livro The Participatory Museum. A autora propõe uma participação ativa nos museus, mais dinâmico, intuitivo e interativo. O Museu 2.0 não tem públicos nem visitantes, mas sim, usuários. Nesse sentido, o Museu 2.0 explora as maneiras que os museus fazem e podem evoluir de 1.0 (máquinas enunciadoras de conteúdos estáticos) para 2.0 (associação de conteúdo dinâmico e máquinas em rede).
Princípios de Participação
Em 2004, visitei um museu em Chicago (EUA) com minha família cuja exposição tinha como tema a “liberdade”. O último módulo expositivo consistia numa estação de comentários, onde os visitantes poderiam fazer seus próprios vídeos em resposta à exposição. Assistindo aos vídeos que eles fizeram sobre a liberdade, considerei-os ruins. Os vídeos se dividiam em duas categorias:
- A pessoa olha fixamente na câmera e murmura algo incompreensível.
- Grupo de adolescentes, “transbordando de entusiasmo”, falando alto e caminhando.
Analisando esses vídeos, entendo que essa não é a experiência do museu participativo que tenho buscado compreender, o museu dos meus sonhos. Contudo, eu não culpo os participantes pelo desastre dos vídeos. Eu culpo o design!
Como as instituições culturais podem usar técnicas participativas não apenas para dar voz aos visitantes, mas para desenvolver experiências mais valiosas e atraentes para todos? Esta não é uma questão de intenção ou desejo. É uma questão de design. Se o objetivo é promover o diálogo ou a expressão criativa, a aprendizagem compartilhada ou o trabalho co-criativo, o processo de design começa com uma simples pergunta: qual ferramenta ou técnica produzirá a experiência participativa desejada?
Designers buscam responder essa questão, com diferentes abordagens para as experiências de visitantes em projetos museológicos. Eles têm o entendimento de que a autenticidade e a singularidade devem permear uma experiência participativa. Nesse sentido, tipos de interações físicas promovem o jogo competitivo, o que também promoverá uma exploração contemplativa. Contudo, nem sempre o design consegue acertar. Mas sempre há em cena a expectativa de que as decisões de design podem ajudar a alcançar com êxito os objetivos de uma experiência contemplativa.
Quando se trata de desenvolver experiências participativas nas quais os visitantes criam, compartilham e se conectam uns com os outros em torno do conteúdo, o mesmo pensamento de design se aplica. A principal diferença entre as técnicas de design tradicionais e participativas é a forma como as informações fluem entre instituições e usuários. Em museus e exposições tradicionais, a instituição fornece conteúdo para o consumo dos visitantes. Os designers se concentram em tornar o conteúdo consistente e de alta qualidade, de modo que cada visitante, independentemente de seus antecedentes ou interesses, recebe uma boa experiência confiável.
Em contraste ao Museu 1.0 surge o conceito do Museu 2.0 (ou Museu Participativo), onde a instituição se concentra em apoiar experiências de conteúdo multidirecional. O museu serve como uma “plataforma” que conecta diferentes usuários que atuam como criadores de conteúdo, distribuidores, consumidores, críticos e colaboradores. Isso significa que a instituição não pode garantir a consistência das experiências dos visitantes. Em vez disso, a instituição oferece oportunidades para diversas experiências co-produzidas pelos visitantes.
Como tornar o Museu 2.0?
Isso pode parecer confuso, mas também pode parecer tremendamente excitante e provocador! O importante é aproveitar a confusão em apoio da emoção. Ser bem-sucedido com um modelo participativo significa encontrar maneiras de desenvolver plataformas participativas para que o conteúdo que todos criam e compartilham seja comunicado e exibido de forma atrativa. Esta é mudança fundamental: além de produzir conteúdo consistente, as instituições participativas também devem criar oportunidades para que os visitantes compartilhem seus próprios conteúdos, de modo significativo e atraente.
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Apoiar a participação significa confiar nas habilidades dos usuários como criadores, aglutinadores e disseminadores dos conteúdos. Significa estar aberto à possibilidade de que um projeto possa crescer e mudar pós-lançamento além da intenção original proposta. Os projetos participativos tornam as relações entre todos os envolvidos – funcionários, visitantes, participantes das comunidades e demais interessados – mais fluidas e equitativas. Eles abrem novos caminhos para que pessoas diversas se expressem e se envolvam com a prática institucional.
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Traduzido e adaptado do livro The Participatory Museum, Nina Simon