Estabelecendo um Sistema de Numeração para Acervos

Estabelecendo um Sistema de Numeração para Acervos

O número de registro dos objetos do museu deve atender a um Sistema de Numeração padronizado. A adoção de um Sistema de Numeração permite a contagem de todos os objetos que compõem o acervo do museu. É, portanto, o primeiro reconhecimento detalhado dos objetos, resultando no número exato de itens.

Por mais sofisticado e complexo que seja um Sistema de Documentação Museológica, ele se torna completamente inoperante se os objetos perdem seu número de identificação. O número é a ponte entre o objeto e a sua documentação.

A numeração, portanto, deve ser a mais simples e legível. A sua legibilidade nos objetos deve ser checada periodicamente, procurando-se ter o cuidado extra quando os objetos saem para qualquer uso fora de seu local permanente de armazenagem, sobretudo quando para restauração ou exposição.

Mas antes de sairmos marcando os objetos, é preciso que se estabeleça o Sistema de Numeração.

Tipos de Sistemas de Numeração

O Sistema de Numeração utilizado pelo museu deve assegurar a aplicação de um só número para cada objeto, não podendo haver repetição ou duplicação.

Os Sistemas de Numeração são classificados em:

  • Sistema de Numeração Corrida
  • Sistema de Numeração Alfanumérica
  • Sistema de Numeração Alfanumérica Bipartida

Deve-se escolher um só Sistema de Numeração para todo o acervo, independente da variedade de objetos e coleções que possamos ter no museu.

A adoção de um Sistema de Numeração deve ser feita somente após o Levantamento e o Diagnóstico de Acervo, uma vez que é a partir dessas etapas que a o museu passa adotar as primeiras convenções para o todo o processo de decodificação do seu acervo museológico.

Sistema de Numeração Corrida

O Sistema de Numeração Corrida é o Sistema de Numeração mais simples. A única informação que é possível recuperar por este sistema é o Número de Registro do objeto de forma sequencial, bem como os seus desdobramentos.

Os desdobramentos ocorrem quando temos que estabelecer o controle dos conjuntos, visto que, nenhum objeto pode ficar no museu sem ter a sua marcação. Um bule com tampa pertence ao mesmo conjunto, então, eles terão o mesmo número de registro. O que os diferenciará será o seu número de desdobramento.

Alguns museus adotam letras para o desdobramento, contudo, NÃO recomendamos isto. Sabendo que o alfabeto possui 26 letras, como marcaríamos o desdobramento de um aparelho de jantar com inúmeras peças, por exemplo? Pense nisso!

Exemplo de Sistema de Numeração Corrida

Sistema de Numeração Alfanumérica

O Sistema de Numeração Alfanumérica é bastante usado nos museus. E também o sistema que recomendamos e temos adotado nos nossos projetos de Documentação Museológica.

O Sistema de Numeração Alfanumérica tem se mostrado o mais satisfatório dos Sistemas de Numeração. Por meio desse sistema podemos recuperar três informações que são fundamentais: a sigla da instituição, o número de registro e os desdobramentos, quando existirem.

Exemplo de Sistema de Numeração Alfanumérica

Sistema de Numeração Alfanumérica Bipartida

O Sistema de Numeração Alfanumérica Bipartida possui as mesmas características do Sistema de Numeração Alfanumérica. Este sistema também é muito utilizado pelos museus e possui a vantagem de agrupar os objetos de uma mesma tipologia ou coleção.

No Sistema de Numeração Alfanumérica Bipartida acrescentamos algum símbolo – geralmente números em algarismos romanos, mas nem sempre – para indicar as coleções do museu.

Exemplo de Sistema de Numeração Alfanumérica Bipartida

Apesar de se mostrar bem satisfatório, os museus nem sempre conseguem classificar todos os seus acervos em coleções. Muitos museus que adotaram esse Sistema de Numeração incluíram um símbolo indicativo de “outros” ou “diversos”. Esse é o perigo! Há casos em que os museus possuem mais objetos registrados nessas categorias, evidenciando a fragilidade na adoção desse Sistema de Numeração.

Outros Sistemas de Numeração

Além dos Sistemas de Numeração que apresentamos, existem outros menos utilizados. Estes Sistemas de Numeração não são indicados. Muitos museus que os utilizaram têm problemas com a recuperação das informações, haja vista a complexidade deles. São Sistemas de Numeração em desuso.

Um desses modelos de Sistema de Numeração registra o número a partir do ano de entrada do objeto no museu seguido do seu número de registro. Em alguns casos, o número do objeto zerava e reiniciava no ano subsequente. Um exemplo de perigo para gerar o caos na documentação museológica!

Pela complexidade desses Sistemas de Numeração e por não aconselharmos a adoção deles, preferimos não nos estender nesses assunto.

Então, Qual Sistema de Numeração Devo Adotar?

Essa é uma pergunta complexa, assim como a Documentação Museológica é! Cada museu deve definir qual o Sistema de Numeração será mais adequado, de acordo com o acervo que possui.

É o acervo que vai nos revelar qual o Sistema de Numeração mais apropriado e que venha responder às suas necessidades. Dessa forma, faz-se imprescindível o reconhecimento dos objetos e das suas características para a escolha do Sistema de Numeração mais adequado.

E como o museu reconhece essas informações?

É durante o Levantamento de Acervo que serão levantadas as informações preliminares dos objetos, tendo como resultado a capacidade para se promover o entendimento do sistema documental vigente ou que será adotado pelo museu.

A realização de um Levantamento de Acervo se justifica não só por ser este um momento de aprofundamento dos problemas, mas sobretudo, por ser um procedimento capaz de verificar com dados concretos a realidade do museu perante o seu acervo.

E Quem Pode me Ajudar na Adoção de um Sistema de Numeração?

A adoção de um Sistema de Numeração é um procedimento complexo e requer conhecimento e discernimento técnico. Deve ser realizado com equipe capacitada, sob consultoria e coordenação de museólogo, conforme estabelecido pela Lei 2.282, de 18 de janeiro de 1984, que dispõe sobre a regulamentação de museólogo.

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A Tríscele tem desenvolvido diversos trabalhos de Documentação Museológica. Caso sua instituição deseje começar este importante instrumento de planejamento, estaremos dispostos a ajudar.

Publicado por na(as) categoria(as) Documentação, Triscele.

Museólogo com mestrado em Turismo e Hotelaria. Desenvolve consultorias e pesquisas relacionadas a Serviços Turísticos, Planejamento do Turismo, Desenvolvimento Local e Turismo Cultural. Na área de Museologia, atua principalmente nos seguintes temas: Gestão Museológica, Design Gráfico, Expografia e Documentação Museológica. Pesquisa estudos em Patrimônio Imaterial, Patrimônio Industrial e Patrimônio Alimentar.

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